De linho te vesti, de nardos te enfeitei
Amor que nunca vi, mas sei...
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti o vinho que pisei
O fel do que sofri e dei... dei...
Dei do meu corpo o chicote de força
Razei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágua
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descubri rosas, alarguei cidades
E construi poetas
E nunca, nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não lucrei
Mas quis... quis...
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem...
pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem...
feras, nem ferros, nem farpas, nem farças, nem...
forcas, nem gardos, nem dardos, nem guerras, nem...
choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem...
pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem...
feras, nem ferros, nem farpas, nem farças, nem mal...
José Carlos Ary dos Santos