Menina d’olhos azuis, quando te vi caminhar baloiçando seu perfeito bumbum ao ritmo de tambores que rompiam o silêncio da tarde ensoleirada, meu coração do peito saltou, o mundo desabou, só existia tu e meus olhos gulosos de amor que não deixavam de mirar a dança sensual dos teus peitos de mulher que pareciam querer soltar da blusa ajustada às perfeições do teu esbelto corpo. Quis acompanhar-te nesta dança lasciva de cisnes mas minhas pernas traiam a vontade do coração, será por medo ou por bem-te-querer? Não sei… Invejava os tamborileiros a quem dirigias teus olhares cativantes.
A tarde já ia alta quando o vento dissipou a nuvem poeirenta que teus pés de musa levantavam numa dança voluptuosa. Despedindo com raios ultravioleta que coloriam horizontes dos meus olhos cravados na pura beleza do teu corpo, o sol se aninhava no poente.
À noite no silêncio da nossa cama carente dos teus cuidados, lacrimejava meu coração ao rever aquela tarde em que estive perto de ti, tão perto… e tão longe porque teu olhar estava distante dos meus anseios, um piscar de olho bastava pra acalmar palpitações que devoravam meu solitário peito. Mas tal proeza não aconteceu, ali, só existias pra tamborileiros que te comiam plos meus olhos mistos de amor e ódio.
Quantas primaveras já passaram…? Aquela tarde perfez mais uma em que teus húmidos lábios se ausentaram dos meus. Rezo mil e uma ave-marias todas as noites na solidão do nosso quarto pra que um dia, transpões a porta que sempre mantenho aberta. Vem meu amor! Vem matar essas saudades que me matam.
Adelino Gomes-nhaca
Adelino Gomes