Poemas : 

Uma Barata De Kafka

 
Existe por aí uma asquerosa barata
Parecida à de Kafka, feia e linguaruda,
Que vermes dentro da barriga ventruda
Traz e não tem inseticida que a mata.

Feito uma praga que fala o que apetece
Some, aparece, desobedece às leis físicas,
Misto de aranha e lagarta que fino fio tece
Tenta compor algumas tênues linhas líricas.

Com os olhos japoneses cheios de cataratas
Vê o que ninguém vê, ouve o que ninguém ouve,
Traz consigo oito pedras nas oitos pequenas patas
Se alimenta de folhas de alface, salsinha e de couve.

Sinistro inseto tem a carcaça peluda e meio pálida
No lugar que era para se ter unhas tem várias garras,
E, estranhamente, como cantam certas ciganas cigarras,
Este inseto padece logo que saí da sua bizarra... Crisálida!



Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 22/02/2015 23:14  Atualizado: 22/02/2015 23:14
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
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 Re: Uma Barata De Kafka
Apesar de não conhecer essa tal barata de Kafka, imagino tratar-se de uma barata especial, pra merecer do poeta, um poema altaneiro como esse. Bonito, bem construído, agradável de se ler. Parabéns Gyl, gostei !!

Feliz nova semana.

Bjoss



Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 23/02/2015 00:44  Atualizado: 23/02/2015 00:44
Colaborador
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 Re: Uma Barata De Kafka
Parabéns, belo poema. Para mim o Gregor devia ser um besouro, pelo menos sempre era do género masculino, isto foi ideia minha, porque o seu poema fala de uma barata kafkaniana,
nojenta, linguaruda e comilona...e eu gostei muito. Abraço. Vólena


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 23/02/2015 20:00  Atualizado: 23/02/2015 20:00
Usuário desde: 03/09/2012
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 Re: Uma Barata De Kafka
Gyl
Poema engraçado! Rsrs
Só você mesmo amigo!
Beijos!
Janna