Sei que não houve nenhum erro,
nenhum desacerto,
e agora nem dei conta que
ainda tudo ou nada recomeçou,
como o sol assim nasceu,
e nunca mais além se pôs
assim a lua por fim seus raios
contornou
em memoráveis lampejos
desta incalculável luminosidade
que te afaga e inebria
exaltando o ser
que me consome as horas
os dias desapercebidos
neste frio que pulsa em longos
actos de sossego
e maravilhosa euforia
– Faz de conta que ainda é cedo,
não tenhas medo, recomeça,
porque nunca é tarde
o recomeço
e eu estarei onde em mim tu quiseres
renascida, florescida,
onde por fim em ti
descanso no ermo das nossas
invencíveis e apalavradas emoções
disfarçando-me em prantos
recluso nesta imortalidade
que desabrocha generosa
casta com delicadeza rupestre
de uma rosa silvestre
– Faz de conta
equilibra-te em alegrias
despe-me os sentidos em vigília
onde em ti pressinto
a mudança das marés
o curar das ondas em maresias
de esperanças tantas
invisíveis danças oceânicas
em cada olhar vazio
onde ficamos mais sós
insensíveis, previsíveis
sucumbindo de amor
repletos de nós
FC