Meus olhos são dois anjos proibidos
virando aos Céus mil orações aos olhos teus
meus olhos dois tormentos sem sentido
tão longe deste amor, rezando a Deus.
Meus olhos são dois filhos enjeitados
que num dolente caminhar na vida vão
teus olhos são dois círios apagados
p'las vielas do cansaço em solidão.
Meus olhos navegando no mar morto
como o Tejo caminhando sem parar
meu rosto é como um barco sem ter porto
e vão meus olhos à deriva sobre o mar.
Só me resta ajoelhar aos pés da cruz
pedir uma afeição a quem sofreu
Senhor meu coração quer tua Luz
que a Vida que lhe dei já se perdeu.
Ricardo Maria Louro
no Chiado
Repertório de Jorge Fernando
Ricardo Maria Louro