Sinto-me pássaro, mas estou preso numa gaiola,
Meus dedos escorregam pelas barbas de bode
À procura de uma brecha... O vento me sacode
Pra e lá e pra cá e minha paciência me extrapola
Os limites do silêncio... Então canto com gritos
Ensurdecedores que despertam a cidade malvada
Do sono imbecil de que se embalam na alvorada
Totalmente envoltos em sonhos empedernidos.
Minha voz enrouquecida clama direito à liberdade
E ouvidos impiedosos zombam da arbitrariedade
Que me mantém prisioneiro aos olhos do mundo...
Eis a espessa verdade que se faz em cada criatura...
Seus espaços são tolhidos, amargam tenaz ditadura
E pelas veredas da vida são apócrifos e imundos!
De Ivan de Oliveira Melo