Lá fora, na imensidão prateada, a cor do céu não refletia devastação, nem dor. Saídos do vazio, bancos de concreto sobrenaturais abrigavam bebês abandonados no escuro, despencando como balde de tinta de uma escada. Cai abruptamente para baixo atingindo casas não construídas, agitam bandeiras, deixando-se andar com o vento, fazendo cair a máscara do sol. E a meia-noite de um dia chuvoso é apenas uma separação nos espelhos, frutos tão maduros dos jardins das almas, galhos flexionados sobre a curva do rio.
Havia trevas, sim havia tantas, ilusões também de vitória sobrepondo Imagens lavadas da rua deserta, janelas transparentes de amianto. Jubartes verde-amarelas brilhavam nas lâmpadas de vapor de sódio, litigantes no passado, ligantes agora. Já quando a plena madrugada fluía e os cavalos nadavam, mãos estendidas sob as mesas chegavam na curva da ponte. Nessa noite do ressurgir da Fênix, nada mais poderia ser silenciado. Narinas vermelhas gotejariam verdades indizíveis, o céu iria caminhar timidamente.
Nessa paisagem, o meu guia encontrará os quintais da minha memória. Para pensamentos remanescentes, para os verdadeiros amantes, pontes restarão queimadas atrás de mim quando ambos nos tornamos neve. Quando um soneto de amor não faz mais sentido, repetindo tantas manifestações de carinho.
Repicavam sinos, respiravam incenso, sagrada e luminosa ampulheta de ouro silenciosa como uma pomba. Templo consagrado coração, tempo alerta sim à realidade da encarnação:
um mundo sem você, sem fragilidades. Um sinal de voz interior soando em timbre agudo,
um vinho azedo e picantes queijos de cabras. Verão durou pouco, um tempo muito curto
verde e amarelo fundiram-se em branco nas visões dos ecos do mármore frio.