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A luta mais vã
Lutar com a consciência
É batalha mais do que perdida.
Nada obstante, mesmo antes de acordar,
Sonhamos a ilusão do ludibrio atroz.
E traímos esta amiga fiel e exigente,
Só para depois cair de joelhos, aos prantos,
No quarto sombrio dos pensamentos.
Entre uma mentira e mais outra,
Evitamos as reflexões do espelho interior
Porque, mirar o avesso da própria face
É como assinar um termo de culpa e rendição,
Ante uma humanidade ávida por justa punição.
Ah... mas tudo reflete e em tudo há uma reflexão,
E todas as coisas brilham metáforas que vão lembrar,
De algum modo misterioso, a ingente traição.
A palavra, querido Drummond, pode fincar o silêncio,
Fazer voto de castidade, torcer o nariz,
Mas à consciência é preto no branco.
E nenhuma construção semântica, por mais bela,
Irá trazer o milagre dessa senhora
Aos pés da mais linda e premente abjeção.
Milton Filho...12.01.2015