Sonetos : 

IRONIA

 
Onde perdi a frívola ironia?
Na solidão de mim tão concentrada!
Na dolente palavra, na neblina;
No devaneio d’alma, espedaçada.

Rasga-me, então as presas mais ocultas!
Dos sonhos dispersados nestas lágrimas;
Dos mundos que pendi, em fartas brumas;
Dos abismos, penhascos, magmas cartas.

Frígidos óleos quentes por demais.
Fervi dentro do seio, tantos ais...
Nas dores destes sonhos, tão dolentes!

Assim, por tal espanto-peito aberto,
Nas almas, que desfilam meus desertos,
Na face que tranquei, morri demente!



"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)

 
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Ledalge
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/02/2008 14:17  Atualizado: 06/02/2008 14:17
 Re: IRONIA
Um soneto de forte lirismo, parabéns! Lamento só que a rima não seja regular.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/02/2008 14:47  Atualizado: 06/02/2008 14:47
 Re: IRONIA
Mais do que qualquer outra forma poética o soneto valoriza a sonoridade, razão pela qual impõe regras quanto ao metro de cada verso e à rima. Este é um soneto de elevada sonoridade com o assunto ironia muito bem glosado em diferentes temas.
Parabéns.
h@p