Em minha juventude fui audaz mancebo,
Em cada esquina edifiquei suntuosas ilhas
Para perder-me em alquimias pelas trilhas
Donde fui cinzel, agora sou grisalho e sebo.
Em meu tempo áureo construí poupanças,
Dei à minha vida xilogravuras de bom moço,
Patenteei meu caráter e ergui alto o pescoço
Mostrando que humildade retalia vinganças.
A personalidade foi filha dos bons costumes
Que sempre comigo caminhou e que me une
Aos menestréis que cantam e luzem o amor...
Envelheci, verdade, porém não sou carcaça,
Minha consciência anciã tudo ensina e passa
Para que na morte eu não saiba o que é dor!
De Ivan de Oliveira Melo