Que estranhas engrenagens se movem dentro de mim,
Transbordando as palavras,
Que de tantas não me cabem,
Para que eu me ponha em ânsias,
Dando-lhes abrigo, nas folhas brancas do papel?
Que estranhas engrenagens se movem dentro de mim,
Transbordando formas e contornos,
Que de tantos não me cabem,
Para que eu me veja em ânsias,
Dando-lhes abrigo nas telas brancas e nuas?
Me viajo nos traços, nas cores e nas palavras,
Num jorro leve, que embebeda e acalma,
O meu espírito inquieto.
Mas de repente se apagam,
E como as dores mais fundas,
Que não libertam as lágrimas,
Eles secam misteriosamente.
Cessam os movimentos,
E dentro de mim ficam presos,
Na vontade arrefecida,
Contidos, acorrentados,
Nos cotidianos da vida.