Sem ti, a minh'Alma fez-se pranto
vestida em escura bruma, sem ti.
Sem ti, veio a dor velou o canto
e rasgou meu pensamento, sofri.
Teu jeito, já não quero, já não espero
numa dor que me atravessa, o peito.
Só sei, que te quero e desespero
como um rio adormecido, no leito.
Perdida, nesta imensa solidão
memória sem destino, esquecida.
Só sei, que rasguei meu coração
numa mágoa que é só minha, sentida.
Irei, não sei por onde mas irei
qual pássaro sem ninho, na rua.
Não sei, procurar o quê não sei
por caminhos tortuosos, mas tua.
Ricardo Louro
no Chiado
(Repertório de Maria da Nazaré)
Ricardo Maria Louro