Um poema é a fumaça fedida das chaminés
É o lodo dos córregos imundos
É o esgoto que represa sob as palafitas
É o andrajo dos mendigos
É a estatueta disforme construída pelo hippie
É a fome das crianças da favela
É a desnutrição do adulto do sertão
É a estupidez do homem urbano
É a labareda incandescente que destrói o cerrado
É a motocerra zoadenta que devora a floresta.
Um poema é o motorista irritado na marginal do Tietê
Amedrontado guiando na Linha Amarela
É o camelô que foge arrastando bugingangas
É o rapa que persegue um homem
É o policial sem colete que troca tiros com bandidos
É o bandido que massacra crianças indefesas,
É o parlamentar que espreguiçaa e proclama que toda a miséria é culpa da sociedade.
JOEL DE SÁ
05/02/2008.