Fragilidades em dias
Mais um dia, em que vagueio tentando-me encontrar
Sei que estou algures na parte incerta de um acordar
Todas as manhãs penso que será um novo dia, inusual
Mas eles ficam frágeis pela tarde, voltando ao habitual
As mesmas pessoas
Os mesmos cheiros,
O horror das pressas
de não chegar atrasado
e atrasar-me na própria vida
No entanto entre os escombros das minhas passadas
Medra uma pequena alma em flor, pálida pela calçada
Também ela sonha ser maior, ter dias de profundidade
Em que a imensidão nem abarca o olhar, as casas cansadas
por ser mais amplo que um Palácio de sons, de abrigo de vidas
Talvez amanhã, lhe faça companhia, na calçada, descalço
Para sentir nas minhas raízes, o que a faz ali medrar
Talvez o dia amanhã seja o tal especial, diferente no meu acordar
Em que terei em mim a força para mudar, ou mudar-me de mim
António J. P. Madeira