«Para ti dei voz às minhas mãos
Abri os gomos do tempo
Assaltei o mundo
E pensei que tudo estava em nós.
Nesse doce engano
De tudo sermos donos
Sem nada termos,
Simplesmente porque era noite
E não dormíamos,
Eu descia em teu peito
Para me procurar»
Mia Couto em Para ti
A VOZ DAS MÃOS
Mulher,
Tu sabes bem
Que todos os poemas que te escrevo
Foram com estas mãos
Ora frias, ora quentes
Mas sempre firmes e sem dor
Firmes e fortes
Como por ti o meu amor.
Estas mãos doidas de paixão
Que correm o teu peito de menina
Nu,
Como eu e tu.
E depois eu escrevo
Talvez o que não devo
Rasgando o nosso tempo.
Colhendo a espuma
Que traz o vento,
A nossa história
E a memória das nossas vidas.
Mãos felizes
Sem cicatrizes
Que te tocaram
E abraçaram
E te cantaram
Com emoção.
E em ti descanso
Meu coração
Pois te encontrei.