Poemas : 

REVIRAVOLTAS

 
Tags:  OITAVAS 2014  
 
REVIRAVOLTAS             
  
“Na poeira do velho estradão/ Deixei marcas do meu coração / E nas palmas da mão e do pé / Os catiras de uma mulher.”   
Rolando Boldrim in “Eu, a viola e Deus”  
  
Se um dia tu voltares, volta em paz.  
Não voltes por ter medo do futuro.  
Não nos cabe senão em horas más,  
A angústia d’um final tão prematuro...  
Mas se o passado não ficou p'ra trás,  
Tampouco esse momento ainda obscuro.  
Que a pretexto de andarmos sem perigos 
Afasta tanto amigos que inimigos.  
  
Não voltes porque temes triste fim!  
Não voltes pelo tédio do presente!  
A vida pode ser assim-assim...  
Contudo, a solidão é inclemente:  
Leva-nos a alegria até que, enfim,  
Não haja razões p’ra seguir em frente,  
Deprimindo-se o ânimo d'um jeito  
Que é difícil deixar o próprio leito.  
  
Não me tenhas como um cara-de-pau  
Arrependido de erros do passado...  
Sentado a t’esperar n’algum degrau  
Recordo antes o ardor que, enamorado,  
Em boa hora esqueço o dia mau.  
Apenas em ficar bem ao teu lado.  
A culpa como fardo se carrega,  
À espera d'um perdão que tarde chega.  
 
Mas, se a necessidade faz a lei, 
Um estatuto inteiro escreve o amor!... 
A única conclusão a que cheguei 
É de que não se vive sem temor
De perder as batalhas que enfrentei
Em tratados vazios de valor:
Pouco valem papéis e seus dizeres
Quando tratam d'amores e quereres.
 
Dizem ser o melhor tempero a fome  
Como excelente ao sono é a fadiga;  
O desejo em ardor se nos consome  
E d’amores a noite é boa amiga.  
Tu, minha bela, tens da luz cognome.  
E hoje, teu doce olhar mais se bendiga!   
Luze na escuridão que nos rodeia  
E traze bons sabores para a ceia.  
  
A mágoa, n’esse arfar, tão logo fuja  
Nos permita o prazer e seu mistério.  
Teus beijos a lavar-me a boca suja  
Venham me redimir como homem sério  
E me rabisque a rude garatuja  
Onde te poetei fútil vitupério...  
Após eu difamar teu nome aos berros,  
Enfim haja perdão para meus erros!  
  
Encontre o meu olhar o teu olhar  
E a tua mão descanse sobre a minha.  
Eu possa uma outra vez te acarinhar   
Enquanto a tua nuca se avizinha... 
Penso eu cá do teu lado sossegar 
Para tu não dormires mais sozinha 
Se te alcanço os favores, mais e mais,  
Com sussurros abafo ora teus ais.  
  
Aos martírios da vida não se some  
O mal-de-amor de que falam os sábios,  
Sim a arte de amar mais se retome  
À leitura de velhos alfarrábios.  
Pois quando à morte sei ser o teu nome  
Que, sofregamente, hei-de ter nos lábios...  
É o amor uma morte, ainda e enfim,
Se um dia tu voltares para mim.  
  
Sobrália – 02 02 2014  


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/02/2015 14:57  Atualizado: 04/02/2015 14:57
 Re: REVIRAVOLTAS
Puxa, essas reviravoltas tambem reviraram a minha imsginaçao!

Muito, muito bom!!

Parabens!!!

Beijos.


Enviado por Tópico
elendemoraes
Publicado: 05/02/2015 03:45  Atualizado: 05/02/2015 03:45
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Localidade: Rio de Janeiro - Brasil
Mensagens: 507
 Re: REVIRAVOLTAS
Muito bom, Ricardo! Gostei!


Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 05/02/2015 11:36  Atualizado: 05/02/2015 11:36
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Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
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 Re: REVIRAVOLTAS P/RicardoC
Já reparou que as reviravoltas quase sempre vão ter ao mesmo princípio...Gostei e apreciei
muito. Abraço. Vólena