A luz ténue e coada pela neblina nocturna, faz brotar emoções garridas e sinfónicas onde se balbuciam despretensiosamente intimidades escondidas com desejo de fuga.
São palavras que osculam o sentimento perene do corpo, alojado em ardente paixão, inebriado pela adição na busca do sonho que de tão longínquo arrebata sem piedade a loucura da verdade.
Em abafada respiração, escuta-se um Ser abandonado à grandeza da sua finitude, de olhos presos à terra, viaja, sem ser descoberto, nas entranhas do outro, que ofegante suplica amor e finge-se de louco para poder sonhar o desejo silenciado dos momentos delirantes de ambos.
O tempo por nós paralisado e arrebatado ao mistério das emoções, enceta o delírio da vontade, transportando para as franjas da mente o desconforto da solidão, refrescando a oculta vontade de carinho.
Caminhantes num trilho iluminado pela bruma da felicidade desejada, quase sempre reprimida, que inunda a direcção dos desejos e a vontade de permanecer paralisado em ininterrupta caminhada para o abrigo dos amantes.
E, assim, arrastados pela vontade de envolver a memória no calor dos corpos instigados ao amor insensatamente tangível, ficamos extasiados no delírio da mente que jorra o absurdo e desperta um sorriso rasgado de pressa de amar.
Amar é ter um sonho despertado pela ilusão. Se o amor só existe nos meus sonhos, não quero ser despertada.*
* Vivência em Agosto de 2012
Zita Viegas