Desposar a aurora... Ah, pensei deveras!
O arrebol mudou de face, ressabiado...
Fi-lo perceber que sou poeta, vivo alado
Pela fantasia e descrevo assaz as quimeras!
Quão intenso amor eu sinto e me dedico tanto
A compilar da natureza tão excelso manjar
Que faz de mim talento, menestrel do sonhar
E contrito por estradas afora espalho meu canto!
Oh, aurora! Sou esposo do indescritível orvalho
Que madruga, desperta e sutilmente detalho
A autópsia de um poeta que sobrevive apaixonado...
Perfume... Coloração de amêndoa inunda o espaço
E me seduzo pela magia de desenhar cada pedaço
Que a fotografia das horas retalha ao meu lado!
De Ivan de Oliveira Melo