Ousasse eu ter sido mais audaz,
Falar que te amo sem reticência,
Pudesse não pesar a consciência
Ao amar-te como um amante faz.
Cada sonho sem ti se desfaz!
Me vejo sem réstia de paciência
Onde a dor é mais que uma ciência,
Torna a tristeza em mim mais sagaz.
E bebo lágrimas do amor que contive,
Desdenhando sonhos na longa espera
De um amor que à muito se perdeu.
A dor numa alma amarrotada gera
Confusão em sentimentos que em declive
Me jogam no chão vazio da tua quimera.
Paulo Alves