Quando estava em Nova Iorque, morava numa vila que mais parecia ter sido retirada de um dos episódios das donas de casa desesperadas. Era um sitio lindo, cheio de espaços verdes, jardins, casas lindas de pessoas simpáticas e prestáveis e dos meus queridos amigos esquilos que tanto adoro mas que fugiam de mim a sete pés sempre que me tentava aproximar.
Para além disso, a partir do momento em que comecei a conduzir no carro (que todos chamávamos arca de Noé pelo seu tamanho gigantesco), deu também para conhecer um todo novo mundo de supermercados que adorava. Todos os dias depois de ir deixar os miúdos na escola, adorava tomar o pequeno almoço num dos supermercados da rua principal. Todos os dias de manhã eles colocavam pão fresco, queijos, frutas, bolachas, todo o tipo de iguarias para as pessoas experimentarem e comprarem. Assim que entrava, era logo um cheirinho a fruta fresca no ar, misturado com o cheiro de pão quente que por vezes havia tanta variedade que não me conseguia decidir por qual escolher.
Adorava aqueles momentos, em que tinha a possibilidade de passear sem ter que ir para lado nenhum e ver todas as coisas fantásticas que podia comprar e que cá em Portugal nunca tinha visto. Ao contrário do que se possa pensar, aquele até era um supermercado bem saudável e cheio de coisas boas. Mas não era só isso que me levava a ir lá. Eram também as pessoas que lá estavam, a maioria deles eram do México ou de Porto Rico, e até de Espanha, e todos eles eram uma simpatia. Achei engraçado, já me conheciam de me ver ali todos os dias, quando entrava, já estavam a sorrir, cumprimentavam-me com um olá, sorriam, e trocávamos sempre algumas palavras sobre o dia a dia, sobre o tempo, ou sobre as suas vidas como sempre agitadas. E quando me vim embora, não pude deixar de me despedir de todos eles, que tão simpaticamente me desejaram boa viagem e que esperavam que eu voltasse.
Gostava daquele ambiente. Fazia-me sentir calma, em paz. A coisa que mais gostava a seguir de ir a esse supermercado, era de conduzir naquelas ruas. È que, apesar de ser uma vila cheia de vida, era fácil de conduzir, e a paisagem, apesar de sempre a mesma, inspirava-me todos os dias como se fosse o primeiro dia. Deixava-me de sorriso nos lábios.
As ruas são largas, com espaço para toda a gente. (menos para mim que ainda hoje não sei bem se media suficientemente bem as distâncias no que tocava á arca de Noé que.. desculpem ao carro que conduzia hehe. )
Na rua principal, todas as lojas eram do mesmo tamanho e dentro do mesmo estilo, os edifícios com paredes castanhas ou cremes e com um toque de antigo e rústico que conjugava com a antiga igreja, assim como também, com todo um ambiente que parecia tornar aquele lugar tão familiar. Não havia nada que não houvesse naquele lugar, mini-mercados, lojas de roupa, drogarias, farmácias, restaurantes, um café com umas bagels maravilhosas, lojas de antiguidades que me deixavam colada á montra, cafés, gelatarias de deixar qualquer um de barriga cheia apenas por olhar, uma biblioteca linda e claro Dunkin Donuts que não podiam faltar hihi.
Mais a baixo, a marina... ah a marina... cheia de barcos lindos, rodeada de casas com marinas privadas como aquelas que vemos nos filmes. Parece um sonho ver ali o pôr do sol enquanto ouvimos o som dos barcos a atracar ou então a levantar vela. Adoro aquele lugar. Várias vezes me sentei ali a comer um Donut a beber um belo de um chá, e a observar as pessoas a passar. Desde que ali cheguei até ao meu ultimo dia, sempre me senti em casa.
Port Washington, é um lugar cheio de ruas onde se pode caminhar sem qualquer problema. Quase fazem lembrar as de uma pequena grande aldeia onde existem milhares de sinais de transito que não permitem aos condutores andar mais do que a 30 km hora. E ai de quem quebrar essas regras se a policia estiver por perto o que acontece a maior parte das vezes. Achava engraçado vê-los escondidos por detrás dos arbustos como nos filmes.
Gostava de percorrer aquelas ruas a pé. Ainda fiz algumas caminhadas, e ainda me perdi algumas vezes, inclusive de bicicleta. E dessa vez, quando dei por mim, estava literalmente do outro lado da vila. Mas adorava observar aquelas casas tão bonitas, tirar fotografias, observar os vizinhos que tão simpaticamente diziam sempre bom dia, falar com toda a gente, e respirar um ar que para mim me parecia sempre tão puro. O ar da Felicidade.