TEMPO DE AMAR
Ouve um tempo em que eu amei
Em que desejei até à raiz de mim.
O sol resplandecia da outra banda
Para que da terra que piso
Eu visse o maravilhoso
Fulgor da noite
Essa que só ela deixa transparecer
O essencial das coisas
E só por ela o véu lhe rasgando
As minhas mãos ousassem
Integrar naquele que sou
Um manancial do amor
Que me varava o sentir.
Nesse tempo eu e só eu amava
Num delírio que era só meu
E como tal e para sempre idolatraria
Não havia amor maior do que o meu
Instante ouve entretanto
Em que o sentir morreu em mim
Na hora em que senti
Que o sentir em mim morreu.
Terei parado no tempo
Por sentir cessadas em mim
As animais funções
Mas esse tempo morreu também
E morrendo concedeu à vida
O poder de sob divinal rajada
Ir buscar ao sol nascente
O fogo que se extinguia
E assim por insondável vontade
Da energia que nos vem da essência
O amor renasce trazido por promissora estrela
E de novo me invade o ser
O sentir e o desejo sem limite
De agarrar o que de mais esplendoroso
O homem conhece
Como conhecem as aves do céu
E numa cascata jorra de mim.
ANTONIUS