Sou muito mais que uma história
Que uma pedra na calçada,
Sou um universo de memória
Nesta minha tão longa estrada.
Sou gaivota que bem voa
Quando vivo em liberdade,
Quando nasci vi Lisboa,
Me apaixonei de vontade.
Sou o rio dessa cidade
Que me trouxe há minha terra,
Vim nas asas da amizade
Numa barca de ar na esfera.
Um dia volto à cidade
Nem quero saber do tempo
O amor não tem idade,
Quero-me enrolar no vento.
Sempre converso com as estátuas,
Com elas eu me revelo,
Dos olhos libertam águas
Dou-lhes a flor do meu cabelo.
Sou a menina deste cais
Com sonhos de borboletas
Nestes brancos dos meus ais
Migalhas de pombos e letras.
Assim rebola o mundo
Com o canto dos trovadores;
O Tejo tem seu vestido
De telas multicolores.
Cristina Pinheiro Moita /Mim/