Olhar fito no horizonte de miragens,
E desprezada pela indiferença dos abastados.
A mãe africana goteja lágrimas,
Ao sentir a boca seca do filhote
Tatear-lhe peitos desérticos.
Pra o filhote ter barriga grande
E graça inofensivo d’anjo:
Ela desbrava terra poeirenta
Que a molha tardou em beijar.
De vales às pradarias,
De penhascos aos desfiladeiros:
Lá vai ela, ondulando de fome
À procura da pacata vida,
Que esfumou-se-lhe
Entre dedos comidos pela miséria.
Adelino Gomes-nhaca
Adelino Gomes