Desde miúda que me lembro de ter imaginação para dar e vender. Sempre me entusiasmei muito mais do que toda a gente á minha volta no que tocava a séries, filmes e todo o seu mundo envolvente. Gostava e ainda gosto de me sentar em frente á televisão e ao computador, e analisar cada detalhe de cada personagem, das suas reacções com as outras pessoas, imaginar a sua história que naquele momento não é a que estar a ser contada, imaginava mil e uma situações diferentes que poderiam acontecer àquela personagem e como é que esta mesma reagiria. Gostava de ver todo o espaço envolvente, as suas localizações, de ver fotografias e vídeos para ir ao detalhe de ver coisas que mais ninguém reparava. Lembro-me por exemplo que passados todos estes anos, quando cheguei a Nova Iorque, sabia exactamente qual era a marca de água que havia sempre no frigorífico do Joey na série F.R.I.E.N.D.S. “AMIGOS. E se me perguntarem ainda hoje sei.
Sempre fui assim, e espero sempre continuar a ser. Gosto de sonhar, gosto de imaginar, gosto de criar as minhas próprias histórias, gosto de imaginar personagens minhas inseridas nas séries e filmes que tanto gosto (fanfiction), e gosto de escrever sobre o que já vivi, e o que passei, gosto de inventar as minhas próprias histórias, gosto de escrever para o os outros. Lembro-me que quando andava na escola, escrevia textos enormes sobre os meus amigos e depois oferecia-lhes esses mesmos textos que depois ou ficavam com eles, ou então se fosse um casal, davam um ao outro de presente. Mas de todas estas coisas as que mais gosto é mesmo de escrever as minhas próprias histórias e de escrever fanfictions. Dá-me um gozo enorme, faz-me sentir que nem que seja por momentos, á minha própria maneira, consigo fazer parte daquele lugar e daquele mundo. Pequenas coisas que me deixam feliz. Uma distracção do mundo, uma alegria.
Não me lembro do exacto momento em que há três anos atrás deixei que me roubassem este gosto e esta paixão pela escrita e pelo mundo das séries e filmes, e até pela musica. Sei apenas que o fizeram. Sei que deixei que sugassem toda a vontade que tinha de ouvir musica, escrever, de ler, de inventar as minhas histórias de sonhar com o que sempre gostei e até de escrever para descarregar todas as emoções que me assolavam naquela altura.
Deixei de acreditar que o era capaz de o fazer, e aos poucos e poucos, cada vez que olhava para a folha em branco, em vez de sorrisos, eram lágrimas que caiam porque o bloqueio era tanto que não me permitia escrever nem as primeiras palavras de uma frase. Haviam palavras que ecoaram na minha cabeça durante tanto tempo, que em vez de acreditar no que o meu coração me dizia, acreditava sim, nas palavras maliciosas que me eram ditas quase diariamente. Sentia-me triste e frustrada, e cheguei mesmo ao ponto de me querer livrar de tudo o que fazia parte do meu imaginário. Dvd’s de séries, livros, filmes, musica... De um momento para o outro, tinha o meu espaço e o meu quarto completamente vazio. Sentia tanta raiva de tudo aquilo que só de olhar para as coisas ficava chateada. Deixei de gostar de imaginar, de pensar no que quer que tivesse a ver com algo que não fosse real.
Algum tempo depois deste e muitos outros acontecimentos que mudaram e marcaram o rumo da minha vida, lembro-me de estar em casa ainda na Alemanha e de sentar-me em frente ao computador e de pensar que me apetecia ver uma série daquelas do meu passado que tanto gostava. Já há muito que não tinha essa alegria.
Lembro-me que passei o dia inteiro a ver essa mesma série, a rir, a sorrir, a viver aquele momento de uma forma feliz e verdadeiramente entusiasmada sempre como se fosse a primeira vez. E voltei a sentir-me bem mais feliz e com aquela sensação estranha no estômago que me era tão familiar de querer escrever.
Uns dias depois, fiz a minha primeira tentativa de voltar a escrever. Não é que tenha sido propriamente bem sucedida nem á primeira nem á segunda nem mesmo á terceira. No entanto, a diferença é que não desisti de tentar,e com o tempo, escrevi as primeiras páginas do meu segundo livro.
Aos poucos e poucos, percebi uma coisa que considero bastante importante. É que toda esta fase em que estive sem escrever, foi importante para mim. Pois quando voltei, voltei ainda com mais força, motivação e empenho. Voltei ainda com mais ideias, com uma perspectiva diferente da vida e daquilo que me rodeava, e com ainda mais imaginação. Com mais alegria, com mais ideias, e sobretudo com uma vontade enorme de fazer o que sempre gostei escrever. Lembro-me do dia em que já cá em portugal, agarrei nos dvd’s todos do Harry Potter e passei uma tarde inteira com uma amiga minha a vê-los todos! De trás para a frente, de frente para trás e sem me cansar um único segundo. Tenho 27 anos. Sim tenho, mas isso não me tira o meu direito de sonhar, de ser imaginativa, de ser criativa, de me inspirar com o que gosto e de ser feliz assim. Tenho noção do mundo real e do mundo da imaginação, e nada melhor que todos nós termos um pouco de crianças em nós.
Lembro-me do dia em que repus tantas coisas no meu quarto, e quando olhei para todas elas, fiquei feliz. Porque sabia que algures no meu coração elas nunca tinham saído de lá. Apenas precisava de uma pequena ajuda e motivação para voltar. Pode parecer parvo, estúpido ou sei lá. Mas escrever é parte de mim, é parte da minha alma e de quem sou. Amo a escrita como amo respirar.
E a minha mensagem para todos vocês que aqui estão é, nunca mas mesmo nunca deixem que ninguém vos tire aquilo que tanto vos é especial. Continuem sempre a lutar por aquilo que sonham, por aquilo que gostam, por tudo aquilo que vos faz ser únicos e como vocês são. Nunca deixem que vos roubem o sonho, a imaginação, a motivação, o sorriso, a alegria, a vivacidade a musica da vida, do coração e o vosso gosto pela musica em geral. E nunca deixem que vos digam que o que vocês gostam de escrever ou ler é errado. Somos todos diferentes, todos podemos aprender uns com os outros, e transmitir positivismo e alegria uns aos outros mesmo quando não concordamos com uma opinião, ou quando não gostamos de algo. Mas podemos compreender, e nunca deitar a baixo só porque temos uma ideia diferente! : ) Uma coisa é ajudar a melhorar seja de que forma for todos nós aprendemos uma vida inteira. Outra coisa, é fazerem com que vos tirem o que é mais precioso apenas de forma maliciosa. Acreditem sempre em vocês e naquilo que mais gostam. Nada melhor do que ser feliz com as coisas que nos fazem felizes!
Obrigada á minha professora Alma Mater por me trazer para este blog, pois foi aqui, que voltei a escrever pequenos textos sobre o que me vai na alma. Era esse o pedaço que faltava em mim. :)