Poemas : 

sobre a inocência

 
A chuva perfuma de trevo a tua face e da boca nua destilas seiva carmesim.

onde aplaino o meio do silêncio e nasce ardente o astro com cheiro a terra.

Com cheiro do pudor do teu ventre prenhe de linho âmbar plantado na tua inocência.

A inocência que se desfaz no cálice do tempo e no sulco do espasmo
para entoar no fruto descerrado pelo criptar das veias, enchendo de mosto o cravo cantante.

Procuro enxertar as mãos na tua dança. Na terra do fogo.
os teus lábios. Na raíz do suspiro. No ardor da carne inebriada.
No pedaço extasiado pela delicadeza.

Na varanda da tua mocidade debruço beijos, fios de prata, pétalas embebidas pela lua. Soluço. Amor.

Anjo. Diadema. Permaneço ao cimo do caule do teu abraço.

Leves e sôfregos, os teus olhos fiam esperança.

Asas abrem-se do teu peito, rasgando nos meus dedos

grinaldas de flores. Mansamente adentrando-me na madrugada em seda.

Adentro-me na tua inocência.





Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/01/2015 18:52  Atualizado: 19/01/2015 18:52
 Re: sobre a inocência
há na inocência dentro uma cruel irrealidade


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/01/2015 20:02  Atualizado: 19/01/2015 20:02
 Re: sobre a inocência
outro poema com imagens belas e belas metáforas. parabéns


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/01/2015 23:23  Atualizado: 19/01/2015 23:23
 Re: sobre a inocência
Raízes plantadas que se ocupam de aquele espaço descerrando aquele algo que se desfaz no silêncio das bocas plantado pelo ardente fogo labial que se aprofunda na seda de os desejos


Enviado por Tópico
atizviegas68
Publicado: 17/02/2018 12:01  Atualizado: 17/02/2018 12:01
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Localidade: Açores
Mensagens: 1538
 Re: sobre a inocência ....«Puberdade»
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Edvard Munch (1863-1944), «Pubertet» [«Puberdade»]; 1894-1895; Óleo sobre tela; 151,5 × 110 cm; Oslo, Nasjonalmuseet for kunst, arkitektur og design [Museu Nacional de Arte, Arquitectura e Design]