Bem que tentei ser tua imagem em mim...
Quebrei espinhos por onde andei,
Nadei na lama em busca de ti,
Mas na chuva das incertezas despenquei
E meus braços ergueram minhas pernas
Já trôpegas pelas andanças mundo afora...
Segui capenga por um destino incerto,
Naveguei pelos mares das agonias
E dormi sobre o regaço da natureza mãe
Acampado nos areais dos vales escuros...
Bem que tentei trazer-te à luz dos olhos,
Porém teu vulto era apenas sensações
Que me traziam arrepios no intenso calor
E nem tua sombra se compadeceu do idílio
Que me fez chorar perante dunas de solidão...
Deixei que o tempo amainasse a tempestade
De uma saudade que me corroía a existência,
Todavia as horas me pareceram desertas
E meu pensamento perdeu-se num porto vazio
Onde as embarcações enclausuravam suas velas...
Lágrimas amargas lamberam minha face nacarada
E eu não sabia onde pôr meus pés ressabiados...
Nas estradas divisei bueiros e minerais pedregosos,
Prontos para asfixiar-me uma coragem já combalida
E atolada nos pântanos selvagens das madrugadas...
Profundos precipícios circundavam meu sentimento
E meu sol transformou-se em lua em pleno dia...
Sonolento e imberbe, levei olhar para dentro de mim
E me pude despertar dum pesadelo vindo dum poço
Que me fez adormecer acordado diante do amanhecer!