sou um espelho antigo
frio . vazio . sombrio
como um túmulo
sobre a lareira
domino o quarto
vejo lá fora
as flores e árvores
do teu jardim
há dias em que sinto o vento
vejo-te à noite a pentear
os teus sedosos cabelos
vejo-te à noite a acariciar
os teus voluptuosos seios
fazes amor no reflexo da minha existência
eu sou imortal
nunca minto
eu serei o único
que lá vai estar, no teu quarto
até que definhes
e aí
dar-te-ei as minhas memórias
será muito, muito difícil para mim,
quando já não houver nada para refletir