Chove no chão estorricado e duro.
Há horas que chove sem parar
Amolecendo o barro que em minutos
Se encharca virando lama.
As águas correm ladeira baixo
Alagando as partes mais baixas do solo.
Cercas ma postas são arrancadas
Mostrando as partes podres das estacas.
Os arames farpados soltam-se
Agregando-se nas plantas
Que ressuscitam e enverdecem
Contrastando com azul do céu.
O mandacaru não está mais solitário
O capim volta a florescer em seu redó
Os pequenos roedores sofridos pelo longo jejum
Conseguem os seus sustentos
E se assustam com qualquer zuada
E fogem para não virarem comida dos animais carnívoros.
As aves preparam os seus ninhos
E movimenta a natureza dando-lhe um aspecto suave.
Os cantos dos machos atraem as fêmeas
Que num ritual costumeiro se acasalam.
Lá e cá um rato dá seu bote certeiro
E com isso consegue carne para família.
Olhando para leste percebe-se mais chuvas
O horizonte cinza avisa novas trovoadas
Novas exoradas que cortam a terra em valas paralelas
Polindo os chechos expostos e depositados
Ao longo do caminho das águas em corrente morro abaixo.
É a vida revivida num clima de luta, de guerra
A natureza supera as expectativas
E se mostra plena na sua recuperação.
O mato protege o morro
O morro é morada dos bichos
Os bichos servem de nutrição do mato
E todos dependem das chuvas
Que de repente chega
Depois de uma longa estiagem,
Para salvar todos os mortais.
A longa estiagem
Ainda faz parte da paisagem
os ossos continuam expostos
as arvores mortas vai se decompondo aos poucos
e o tom cinza divide o espaço com o mato a nascer.
Porém o mundo resiste
A flora e a fauna sempre estão a renovar-se
O longo período de estiagem não conseguiu exterminá-las
As pedras rachadas pelo calor intenso
Passam por um processo intenso de umidade
E se esfarelam misturando-se a matéria mortas dos animais.
A chuva aumenta de volume
Os rios vão enlanguescendo
Ocupando espaços e mais espaços
Que antes eram margens secas.
Chicão de Bodocongó
Campina Grande, 09 de janeiro de 2015
Às 15h43min
Chicão de Bodocongó foi a melhor maneira de homenagear o bairro que moro a trinta anos na cidade de Campina Grande ( Bodocongó ), Paraíba. O meu nome é Francisco de Assis que é acompanhado pelo sobrenome Cunha Metri e faz pouco dias que venho publican...