Meia noite. O galo estrala seu canto nos ares.
Meu pensamento se embala no ritmo da sonata
E remói reminiscências que a memória contrata
De longes madrugadas tecidas ao longo dos vales.
Enquanto goela em sinfonia, os pés puxam areia
Dum solo aveludado pela brisa que espirra o pó
Que leva minúsculos grãos numa viagem sem nó
Até os mais altos picos onde a natureza pranteia.
Serenata que é silencio no alpendre das estrelas
Embevecidas pelo tom reiterado de notas iguais,
Às vezes roucas e gripadas pelo frio que contrai
A garganta já extenuada, sem brilho e centelha.
Zero hora... fronteira... dia nasce, outro morre,
A esperança é que o nada no tudo se transforme!