Pedem-me para mudar.
Que sou grosseiro.
Não vejo graça em nada
Não gosto de ninguém.
Pedem-me que mude.
Uma mudança em mim ou de lugar?
Se eu aceitar, estarei me abandonando.
Que espécie de amigo é esse?
Que dono sai e deixa a casa aberta?
Não é um pedido.
Esse sou eu.
Um papel amassado.
Uma mancha.
Um tropeço.
Esse sou eu.
E eu aqui querendo ficar.
Aceitando os defeitos dos outros.
Amando em mim o que existe deles.
Sendo eu, sendo eu mesmo.
E não me querem.
E não me aceitam.
E eu fico sozinho,
Sozinho e triste.
Mas continuo sendo eu, fiel,
sendo eu mesmo.