Ouço o tamborilar da chuva na janela da sala, onde estou sentado
Sinto uma súbita inquietude, que se faz ânsia do que desconheço.
Levanto-me vou à janela. Abro-a de par em par e olho as gotas que caem suavemente. Estendo uma mão que se encharca deliciada com a frescura da chuva, que chora em tom magoado.
Sinto que me quer dizer algo, quiçá lamentar-se por chover e trazer-me nostalgia em vez da alegria que o sol me ofereceria se irradiasse pela janela aberta, os seus feixes de luz e calor. Murmuro para a chuva que não se apoquente e que chore suas lágrimas de pranto, porque este é o seu tempo, de tristeza e de invernia, mas também de reprodução vegetal, tão necessária à espécie humana.
Fecho a janela e sorrio para as gotas que insistem em se aconchegar no chão verde de melancolia.
Volto a sentar-me no sofá, situado em frente da lareira e deixo-me aquecer pelo calor dos meus pensamentos. Adormeço ao som relaxante
do crepitar do fogo, na lareira. Sonho que sou o Luar e que sob o meu manto azul de ilusão, consigo, no Novo Ano, mudar mentalidades e atitudes e que a paz será realidade, neste mundo agora desvairado.
José Carlos Moutinho
28/12/14