Às vezes tudo nos calha
na vida que por vezes falha
e nem há quem nos valha
e leve pra longe a tralha...
Às vezes tudo atrapalha
e a alma apenas se baralha
e a voz nem sabe por que ralha
e a mão porque rasga a toalha...
Mas às vezes tudo emparelha:
a flor com a bela abelha,
o prado verde com a ovelha,
a casa com vermelha telha...
E no céu escuro uma centelha
fulge e ilumina a velha
esfera e de orelha a orelha
um sorriso que a alma dedilha...
E bebemos da fresca bilha
e bem longe vemos a quadrilha
debaixo do sol que brilha
enquanto o rato a rolha rilha...
E da poesia nasce uma filha
e o universo logo a perfilha
e faz dela qual maravilha
sem precisar de uma cartilha...
E eu a felicidade recolho
quando amar o mundo escolho
e deixo transparecer meu olho
mesmo se franzem o sobreolho...
E no meio da terra me molho
quando a chuva cai no restolho
e depois saboreio o repolho
e um bom necctar desarrolho...
E no meio de tanto entulho
as lágrimas não as debulho
e quero erguer alto o orgulho
e colher o pão da paz em Julho...
E ficar doida com o barulho
da roladeira do pedregulho,
e para o mar dar um mergulho
e atirar pró fundo o gorgulho!
MaRiA cOtOvIa«*+*» «*+*»
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