Mar que tanto murmuras e nada dizes
fala-me dos teus segredos, sou teu amigo,
junto de ti lavo as tristezas curo cicatrizes,
tens em ti ilusões, que me fazem sentido
Navego pelo teu dorso no sopro da maresia,
invento brisas e arco-iris sobre as tuas águas,
penetro os raios diáfanos com minha ousadia
quero esquecer desilusões e afogar mágoas,
Mas se algum dia te zangares comigo, ó mar
lembra-te que foste sempre meu companheiro
que te confiei os segredos da minha melancolia
quando os dias me enchiam a alma de nevoeiro,
e me prostravam nas tuas falésias, em agonia.
Abraço tuas ondas num longo e terno abraço,
Que nossa amizade seja eterna pra lá do horizonte,
deste-me muito de ti, ó mar belo e desconhecido
quero continuar a beber sonhos na tua fonte
sempre que eu, sem palavras, me sinta perdido.
José Carlos Moutinho