Aquietação
O sopro desse vento
insufla a vela do meu bote:
--Navego à deriva do teu corpo
buscando enseada de feição.
No lume da água,
balanço incerto,
minha quilha sulca
teu peito aberto,
junto à margem de teu porto:
--Navego agora a todo o pano,
navego agora mar adentro...
Na brisa suave que dissipa
a neblina que se esvai,
tudo é claro, cheio de sol,
teu corpo agita-se
em onda que extravasa,
âncora a fundo
a desafiar a maré...
Meu bote apaziguado
abica no remanso
da calmaria das águas
do teu cais.
Juvenal Nunes