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Para trás não olharei - Introdução a Escombros - III (Moacyr Félix)

 
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Para trás não olharei: falo assim como poeta que tenta trilhar definidores caminhos e verdades desta Terra.

E minhas sandálias serão como tesouras afiadas no
[manto de minha tristeza.

Para trás não olharei,
e a minha ternura repousará na úmida relva o silêncio
[oco dos cântaros.

Assim aguardarei o orvalho, serei um encontro amoroso
[com a chuva.

E o sangue de minha inconsolável saudade ficará pelos
[caminhos,

lá, onde as eras imensas se esquivam às perguntas da
[mente.

Estenderei, todavia, as fronteiras de minha vida para os
[planetas distantes

e, sob o canto dos pássaros e a divagante palidez dos
[antanhos, ela amanhecerá

meu ser entre os espinhos e as flores do que eu tentei e
[tento

sonhar e pensar como poema a favor de desalienações
[na história humana.

Moacyr Félix, In: Introdução a Escombros, Poema III, Ed. Bertrand Brasil, 1998, p. 120-121.

Imagem: René Magritte - The Glass House.
 
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AjAraujo
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