Derrama-se pela noite
meu triste pesar em raios de sol
envelhecidos no ébano e puro
olhar dos nossos carentes desejos
ando assim solitário de tanto cismar
de tanto relembrar nossa piedade
esmagada num cemitério
de tantas amarguras
repleto de relevos debruçados
na paciência que se extingue
quando chegámos por fim
ao fim dos tempos
que fazer então…
quando as ilusões se tornam inexistentes
e abrigadas num cálice raso de fé
que fazer se a mente me ilude e permanece
acantonada, contemplando aquele sopro gélido
que extingue mortiço a réstia de luz
que rejuvenesce e consome os dias por vir
que fazer…senão partir
no seio formoso da aurora consagrada
num harpejo lírico transportado
na desilusão do poeta
senão chegar de rompante com o orvalho
agasalhando nossas alegrias acetinadas
e bordadas na morada onde o mar
por fim se deixa por nós aconchegar
vou partir …e por lá decerto te deixo
por mim ancorar
FC