Como sou o contrário
De quem me projecta,
Tenho a audácia
e toda a perspicácia
desta chuvada faceta
e pingo onde quero,
Se sou só a chuva que cai,
Então que seja onde eu quero.
Quem me projecta pinga mornamente
Para não adoecer ninguém
nem fervorosamente
para não queimar ninguém.
E eu que sou o contrario dela?
Muitas voltas dá chuva que cai
Tantas voltas que fica com vertigens
De numerosas esbeltas viagens
De tanto que na vida ela cai.
Ela e tão certinha
Que de álcool não vai morrer;
Nem do fumo só do alheio
Vapores! fumaça! e devaneio?
Não pingara também a chuva o desviver.
E vai pingando brutalmente, sentido,
Saboreado o amargo ou doce destino,
Pelas ocorrências sorridentes ou sofridas,
E descobre a dor das futuras feridas.
Afinal para se ter doce sabor
tem que se saber saborear a dor.
Íris Correia/Quandoachuvacai
imagem google
Eu sou só, mais uma sombra que anda por aí e quem projeta-me, inevitavelmente acompanha-me.
Íris Maria Fonseca Correia /Quandoachuvacai-acor
Frederico Anjos /Quandoosolreluz -acor
Luna /Quandoaluabrilha-acor