Cavo fundo, cavo sem parar, na terra seca, até ela se molhar;
Cavo um poço ainda sem fim;
Quero dar de beber a todos e ver-te-a a banhar junto a mim;
Não cavo apenas um buraco querendo achar o fundo e o confim;
Não quero sentir o teu âmago, nem que precises escalar a voltar;
Quero encher-te de água, de água para o barro eu moldar;
Não há sentido em cavar, sem ter um propósito, ou mesmo olvidar;
Sou a água do fundo poço, sou a água que a ti vai banhar;
Cavei meio que sem esperança, mas fui fiel em envidar;
Talvez seja eu o criador, e do barro, fazer tudo recomeçar;
Mas aprendi a amar, e que, o barro eu só consigo, se a terra eu molhar;
Então, venham, consumam-me, alimentem-se e matem sua sede;
Mas lembrem-se, sem a água a terra é seca, com a terra seca as plantações não se cultivarão, e as almas que não se elevam, não alimentam seu coração......
Marcio Corrêa Nunes