Era fim-de-semana. Maria estava empolgada: como era hábito, a prima vinha da capital passar o fim-de-semana, à casa dos avós paternos.
Maria tinha sete anos. A mãe e o padrasto eram uns simples operários.
Ana, menina bonita e muito mimada, tinha nove anos, era neta dum grande empresário da aldeia. As duas primitas encontravam-se na casa da avó da Ana, que era irmã da avó da Maria.
Avó da Maria era viúva e vivia com a irmã, pois o marido desta tinha viajado para Moçambique em negócios.
Maria tinha que andar uma hora de caminho a pé, para ir ter com a prima.
Levava sempre a melhor fatiota que possuía, normalmente roupa que a prima lhe dava, depois de não a querer mais.
Naquele dia levava o casaco de malha vestido, para esconder uma nódoa negra que
tinha no braço, que a mãe lhe tinha feito.
Maria tinha dado a fruta às amigas, que ainda eram mais pobres do que ela.
Em casa da tia, ansiosa, ela contava os minutos que faltavam para a prima chegar.
Maria desejava ser como a prima, Ana: bonita, inteligente, tocar piano ler os livros
de histórias, e ter muitos brinquedos.
Ela tinha apenas uma boneca de trapos, que lhe fora dada pela avó, a sua confidente.
Para Maria, a prima era o seu maior ídolo!
Ana chegou e foi recebida de braços abertos e começou logo
a organizar o fim-de-semana das duas.
Maria pensou que era mais um fim-de-semana que não teria tempo para ensinar a prima o seu jogo que tinha aprendido na escola.
A avó da Ana deu-lhe uma tablete de chocolate, sabia que era a gulodice preferida da neta. Ana comia o chocolate com o maior prazer, esquecendo que a Maria
olhava para ela com os olhitos esfomeados a pedir também um bocadinho.
Altiva, Maria pensava para com ela: não lhe peço nada, mas quando eu tiver um
chocolate não lhe darei nada.
Maria não resistiu e pediu-lhe um bocadinho, a prima deu-lho de má vontade.
Na semana seguinte as primas brincavam, quando o tio de Maria apareceu e lhe deu uma enorme caixa de pequenos chocolates.
__ Ana disse para a prima!
Abre depressa a caixa, não sejas mole
Mal abriu a caixa, os olhos da Maria brilharam: tinha muitos chocolates embrulhados em pratas coloridas. Orgulhosa, sentou-se e começou a dividir os chocolates por partes iguais.
Gulosa, Ana começou logo a comê-los, enquanto Maria olhava para a prima toda embevecida e feliz!
Partilhar... um entrelaçar de almas.