Eu sou a lava de um vulcão
sou as noites de pobreza
sou os versos de tristeza
que só sabem a solidão!
Eu sou nada e nada quero
nada tenho e nada sou
sei que irei e sempre vou
onde leva o desespero!
Não sou bem e não sou mal
sou bastardo do Amor
entre um servo e um Senhor
sou um forte vendaval!
As gentes não me entendem
nem me vêem como sou
que só irei e sempre vou
onde meus passos me levem!
Errarei por minhas mãos
chorarei pelos meus olhos
que sobre silvas e abrolhos
escrevo o Fado solidão!
Ricardo Louro
Lisboa
Ricardo Maria Louro