METALETICOSFERA
Estou temendo encontrar meu real alfobre:
essa casa tão dona de si e, bem, contrariamente,
ao mesmo tempo.
Acredito no poder do verbo
e, por isso, ao materializar
meus medos tanto mais protestos
em laudas cibernéticas ou de um caderno,
tento conhecer a mim mesmo.
Sim, pois creio estar nele a exteriorização da diafaneidade da
forma-matriz da pluralidade obscura
de fragmentos faciais que constituem o meu Eu verdadeiro.
Sim, quando falo das chagas até aqui incicatrizáveis do povo,
feitas pela cosmopolita congosta da egocentricidade,
é porque, no alto do templo da fonte do saber,
me incomoda o fato de termos tudo e sermos muitos;
Mas, ainda sim, cultuarmos o Pouco muito e o Muito nada.
Sim, ajo da mesma maneira ao falar
do que se passa nas dimensões lúgubres do meu cérebro,
pois anseio descobrir onde se escondem
os espectros
que á minha mentosfera, impiedosamente, flagelam
para, em suma, cravar-lhes no peito o punhal vexatório
do mais não preciso.
Do não mais os quero!
Enfim, é, por isso, que creio na verbografia:
no poder da escrita do verbo:
afinal no próprio verbo.
Sim, crer-lhe como a fotografia de um tempo...
Sim, crer-lhe como a sua própria fotografia.
Fazer da Poesia a fotografia do metalético cosmo
E, assim, finalmente nos compreendermos. Compreendermos de que ma-terial realmente se é feito o dual ser antrópico!
JESSÉ BARBOS DE OLIVEIRA