Olho um barco ancorado num qualquer cais,
Me interrogo quais viagens sem senda
Percorreu... Me revejo na contenda
Das dúvidas, na igualdade de dias desiguais,
Reuni cacos de mim, dispersos por temporais
De sonhos, já que a vida apenas desvenda
Cada presente momento, o passado é lenda
E nela as desigualdades se mantêm iguais
Vestígios de uma verdade opaca e crua
Luzindo com fervor, o reflexo da lua,
No mar da vida caído, quieto fico sofrendo
Ouço o silêncio da noite, espero que me conforte
Mas sei que não usufruo dessa sorte,
Enquanto o destino se apresenta atroz e horrendo.
Paulo Alves