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REMISSIVOS OMISSOS

 
<br />REMISSIVOS OMISSOS
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Em verdade, nem noite era... apenas os escuros onde as almas deitavam suas sombras ressonantes a meus ouvidos, espargindo ocos amorfos em meus olhos. Ecos em fantasia de minhas cirandas nas danças alecrim (vestia-me das verdes Artemísia debruadas em sianinha verdadeiras).
Mas tu que sabias as entranhas de minhas fomes e das forjas do trigo às formas das pedras; o mais-que-perfeito em tradução de meus ritos inscritos aos umbrais, tinha-me Sulamita. Esfinge fui-te ao absorver-te as miragens... antropofágicos enigmas de minhas ânsias. Dei-te meus delicados lábios de mármore em indecifráveis conflitos, contritos das sendas nas tendas. Dei-te Teu Nome nas pelejas dos pássaros entre os cacos espargidos — coelhos de vidros — mosaicos adornados ao chão nos prumos afagos em lenda das portas.
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Ah! E tantos foram os momentos de minhas atrições nas ofertas dos beijos... Infiel viés das pontes nas insustentáveis noites-vítreas; dei-te visgo nas espumas das falas que nem mesmo sabias.
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Sedutora, nas danças, convites fiz-te aos indevassáveis lugares de minhas missas nas homilias das dores arcanas. Clamei-te em guias vazias, aos meus labirintos. Teus olhos se me negaram aos escuros, pois teus castanhos, já entronizado nas eras, intentavam a luz.
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Meus choros mais castos ofertei-te nas teias; trama das danças nas sombras, entre brumas mescladas ao éter das lágrimas e da cevada. Mas você jamais entendeu... Falei-te da agonia das horas (e foram tantas) de um corpo ancho imiscuído às ranhuras do chão... e das vozes armadas, compadecidas do ato, em auto final. Mas você não atendeu minhas danças.
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Consagrei-te! Oh, quão incomensurável os mistérios de minha face aos candelabros! Revelei-te minhas lágrimas deitadas em fios das ceras ao destino do chão. Sombras de velas pálidas... cálidas... sempiternas e de mosto sabor. Pasodoble! Banderillera sedutora, convidei-te as minhas arenas. Gitana das marcas, de meus seios ofertei-te cravos... em minhas ancas absorvi-te os lírios.
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Hoje assino-me máculas, a ferida fendida nas páginas de um livro que não te servi.
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Autor
Paulo de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Carlos Ricardo
Publicado: 02/02/2008 02:33  Atualizado: 02/02/2008 02:33
Colaborador
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Mensagens: 1801
 Re: REMISSIVOS OMISSOS
Eis um texto para ler e pensar e imaginar e, quiçá, mas não forçosamente, decifrar.
O problema deste «tipo» de escrita é que a aleatoriedade da ordem dos factores abandona o leitor a si mesmo numa azáfama de descodificação que lhe poderá parecer totalmente inglória. Para já não falar na desvantagem que existirá para o autor de lhe não ser facilmente reconhecível o estilo, ou seja, de poder ser indistintamente considerado num universo não despiciendo de escribas para quem a facúndia não é avara.