Poemas : 

tudo sobre rios e nadas sobre almas

 
não canso de molhar as mãos
na tepidez da pele que corre em desespero,
como se o mar fosse seu único afago.
nunca canso de pernoitar meus versos
no delta aberto pra me afogar.
não sei se morro
enquanto boio
ou debato-me no tempo
abstraindo experiência

se o sabes,
conta-me desses rios
que atravessam minh'alma.
não,
não diga das superfícies
douradas de sol
com estrias estampadas pelo lufar das velas...
são tolos sorrisos que o prazer
alimenta

diz-me dos leitos
preenchidos em segredos
que meus olhos nunca conseguem
mergulhar...


Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

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Inspirado nos comentários deixados pelo Poeta Jorge e/ou namastibet no poema "Meu Rio".
 
Autor
MarySSantos
 
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Enviado por Tópico
Srimilton
Publicado: 05/12/2014 02:38  Atualizado: 05/12/2014 02:38
Membro de honra
Usuário desde: 15/02/2013
Localidade: Nenhuma
Mensagens: 1830
 Re: tudo sobre rios e nadas sobre almas
Cada vez melhor, Mary!

Bjs.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/12/2014 16:54  Atualizado: 09/12/2014 16:54
 Re: tudo sobre rios e nadas sobre almas
Não canso de me montar nas pálpebras
Cansadas e nas cerdas do cabelo, não canso
De ser exigente no que escrevo plo cotovelo,
Canso de ser modesto não querendo sê-lo

Não canso de arrepiar caminho nas costelas,
De ser ferramenta de uma horta bera,
Que só dá tabaco em vez de trigo amarelo
Canso de transportar sonhos de taberna,

Que me não dão equilíbrio, mas vertigens,
De uma lerda batalha que não é mas é comigo,
Não me canso de pôr a alma de escrever,
Ardendo como se fosse carne viva e é o fundo

De mim mesmo que escarro e vomito
Num cadinho, qual não me dá nem o prazer,
Nem o vinho fino, que é da memória
A alma e a costela, de Aristóteles a direita.

Não me canso de desmontar as palavras
Secretas que me dão vida e serviram
A humanidade justificada em certa
Medida certificou a vontade e a morte

Justificaram a fraqueza e a entrega
O lado vazio e a hombridade cega
A verdade nem sempre clara, a compaixão
E o amor que não passam de lugar-comum

Nada desejo de novo que não seja
Ser eterno em algum lugar -mesmo de mentira-
Porque no meu corpo não resta
Mais a verdade garantida, entreguei-a

Quando me expus no que disse
E me afronta o que não falei
Do que disse na esperança de que
Me enganasse e de verdade começe

Mesmo sendo poeta desta mil gente.
Se algum dia lembrar além do que vivi, apresente
No que disse o que cansei de ser afim
Cansei de meu vinho, mau vinho

Cansei dessa casta da mediocridade, do dó,
Da crescente névoa, sem chão de roda,
Não canso de pedir ao destino o meu
Anel postiço de volta.


Joel Matos (12/2014)
Joel Matos (Jorge Manuel Mendes Dos Santos)

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(este inspirado aí mesmo9