Abro a janela da alma
para o mundo exterior;
hoje senti necessidade de dizer
que não queria apenas contemplar a vida,
deixar o tempo passar.
Ver as horas virarem dias,
meses... anos de abandono,
enquanto vejo um pedaço de céu como ele não é.
Hoje não queria ser
apenas mero espectador
da vida que passa
entre meus dedos.
Deveria haver estrelas no meu céu
como as há em outro qualquer.
Queria mais que observar
o tempo passar por mim,
sem deixar que dons espirituais
reflitam visões apocalípticas.
Então, em mais um entardecer,
vejo o sol se por sobre uma lápide
no antigo cemitério rés do chão.
Na campa rasa nasce uma rosa vermelha,
surpreendo-me ainda a esperar,
meditar sobre o destino e a sorte,
esperando que a morte venha me levar.
Resignado, sei que será minha morada,
aqui onde minha alma suspira
por um lugar onde possa repousar.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."