Coça-me a alma
o perfume tatuado q'ela deixou.
Minhas mãos cheias de calos
e os pés pesados de chão
não me deixaram levezas
para acalmar a comichão.
Sempre toquei as flores
com os olhos
para a pele não se agarrar
nas texturas das pétalas.
Mas ela veio suave e sorrateira
se esgalhando perfumosa com
propósito de me deslumbrar.
Maliciosa como a noite
que desaba o esconderijo
das estrelas,
ela veio mansa desfiando
segredos das proteções
que criei para não sofrer
invasões.