Desnuda-se a ilusão enquanto o tempo passa,
Sinto uma fútil sensação em mim, desencanto
Amoroso, confesso que um dia o achei um encanto.
Os anos decorrem e o amor se esvai como fumaça.
Tanto tempo passei com falsos amores que embaça
A alma, o peito, o coração em temido pranto.
Ouço a voz de um exaurido e longínquo canto
Marcando o compasso da minha desgraça.
Revejo o amor como lenda ou conto,
Coloco um ponto final, mas sem ponto.
Toda a incerteza me enche de vazio.
Sigo perdido, de mim tão esguio
Sonho acordado e tudo é mais sombrio,
Enquanto a realidade da vida confronto.
Paulo Alves