Rompido o silêncio do passado
Recordações assomam sem cessar
De Natais tão longínquos, esmerados
Na alegria que aos de hoje faz pasmar.
Sapatinhos colocados na lareira
À espera que o Menino de Belém
Os enchesse de prendinhas, de maneira
Que todos, de manhã, ficassem bem.
A família e amigos reuniam
Numa noite especial para irmanar
Ninguém saía, os mais velhos construíam
As jogadas dos pinhões, do “rapa” ao “par”.
O tiquetaque do relógio diz presente
O Menino acorda, a esperança impera,
Quebramos as memórias, vamos em frente,
Somos adultos, deixamos as quimeras.
O Pai Natal tem também o seu lugar
Nesta Noite feliz de Consoada
Mas o “galo” deixou agora de cantar
A “missa” já não é de madrugada.
Mas há festa, há mexidos, rabanadas
Os abraços se misturam, cordeais,
Há preces para ajudar na caminhada
Os mais pobres, para sempre haver natais.
E neste ambiente festivo,
Da fralda à bengala pouco vai!
Vivamos em amor caritativo
Até o pêndulo se cansar dos nossos ais.