Ventava durante a noite
e fazia frio também.
Um vento cruel,
frio, cortante,
como pontas de lanças
causando até tremores
num gélido coração.
É tarde, eu sei…
Também sei que agora
o sono eterno já começou,
sem que sequer um sonho
viesse povoar
aquelas noites terríveis…
Queria deixar meus tormentos
perderem-se no oriente,
nos picos das montanhas
que se afastam da luz do sol.
Os tormentos cruciantes,
ilusões constantes,
os picos, o oriente
e as tintas colorindo matizes…
Tintas rubras como o sangue
que se esvai das minha veias
e a tudo tinge de rubro matiz,
cobrindo toda a luz,
as nesgas do céu
ao som de música
retumbando nos ouvidos.
A noite vem e ela não vem…
Mais uma vez, ela não vem.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.