Poemas : 

percursos

 
a subir
o escopo é o pico.
não sentem os pés
a dor dos degraus.
não sentem as mãos
a força dos corrimãos

o ápice é o
alvo

a descer
o olhar percorre
o chão
mãos tateiam
amparos

nem tudo resiste
nem tudo assiste

na queda quase nada
é esquecido

porque tudo
é sentido



Open in new window

 
Autor
MarinaNegre
 
Texto
Data
Leituras
1410
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
26 pontos
4
3
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/12/2014 12:52  Atualizado: 02/12/2014 12:52
 Re: percursos
Breve Explicação do Sentido da Vida

Como exprimir em duas linhas o que venho tentando explicar já não sei em quantos livros? A vida é um valor desconcertante pelo contraste entre o prodígio que é e a sua nula significação. Toda a «filosofia da vida» tem de aspirar à mútua integração destes contrários. Com uma transcendência divina, a integração era fácil. Mas mais difícil do que o absurdo em que nos movemos seria justamente essa transcendência. Há várias formas de resolver tal absurdo, sendo a mais fácil precisamente a mais estúpida, que é a de ignorá-lo.
Mas se é a vida que ao fim e ao cabo resolve todos os problemas insolúveis - às vezes ou normalmente, pelo seu abandono - nós podemos dar uma ajuda. Ora uma ajuda eficaz é enfrentá-lo e debatê-lo até o gastar... Porque tudo se gasta: a música mais bela ou a dor mais profunda. Que pode ficar-nos para já de um desgaste que promovemos e ainda não operamos? Não vejo que possa ser outra coisa além da aceitação, não em plenitude - que a não há ainda - mas em resignação. Filosofia da velhice, dir-se-á. Com a diferença, porém, de que a velhice quer repouso e nós ainda nos movemos bastante.

Vergílio Ferreira, in "Um Escritor Apresenta-se"

(gostei)